Estive conversando com um amigo e chegamos a essa conclusão: o motel nos deixa tensos. Sabe por quê? Não dá para chegar num motel e sentar pra bater papo. Lá não é o tipo de lugar pra onde se vai e pede um jantar. Também num é como um shopping ou um lugar de passeio. Você vai para transar e ponto. Até um casal cheio de intimidade se sente preso ao clima do motel – uma vez lá, você tem que transar. É obrigatório, tudo estimula a isso. Falta pouco ter um cartaz preso acima da cama dizendo “TRANSEM”. É aquele espelho no teto, a cama redonda, o cardápio de utensílios sexuais, o canal pornô... Tudo gira em torno de sexo. É automático. Você entra, transa, toma um banho rápido naquele chuveiro que mais parece uma porrada nas costas e vai embora. É uma fuga da rotina? Sim, mas não consigo deixar de pensar que é algo totalmente robótico. Ir para um motel e não transar é como ir a um restaurante e não comer. Entendem meu ponto de vista? Não quero parecer implicante, mas gosto de encarar o sexo como algo que ocorre naturalmente, como aquele momento do filminho bobo no sofá da sala onde um carinho mais apimentado evolui e se transforma no melhor sexo da semana. Assim é bom, é gostoso. É como levantar com fome na madrugada e encontrar uma fatia de torta esquecida na geladeira. Afinal de contas, o bom da vida é o acaso.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Boba Ela
É engraçado como ele pensa que conhece a si mesmo, e como afirma que nunca vai se perder pra alguém. Mais cômico ainda é ela, pensando que tudo é sobre eles dois. Ela nunca deveria ter acreditado nas palavras que ele disse, mas acabou se curvando a promessas bobas e contos de fadas. Agora ela qer que isso tudo termine, ao mesmo tempo que deseja que tudo se torne real; porque não importa para onde ela se vire, sempre acaba batendo de frente com ele.
Se ele ao menos tivesse dito como realmente se sentia, ela talvez teria direcionado seus sentimentos patra outra pessoa, mas ela se ocupou com alguém que pensou ser o certo.
Boba ela, que continua dizendo a si mesma que tudo terminou, que já foi o suficiente, mas toda vez que tenta se afastar, ele a puxa para uma nova corrida.
Não importa para onde ela corra, não importa o que ela faça, não dá pra tirá-lo da cabeça. E como irrita o fato de ele não ter sido homem o suficiente para chegar e dizer que ela jamais seria seu amor, como ele a fizera acreditar. Ele poderia ter demonstrado, poderia ter dado as dicas, poderia ter deixado mais claro que naquele coração ela jamais encontraria uma vaga. Boba ela.
sábado, 6 de agosto de 2011
Homofobia na sua TV
Eu entendo que a principal intenção da Rede Globo ao exibir as cenas fortes da morte de um gay pode ter sido ajudar e conscientizar a população. Espancamentos, perseguições e até mesmo mortes agora fazem, mais do que nunca, parte da realidade de todos. No entanto, a forte cena à qual milhares de pessoas assistiram na novela Insensato Coração poderia ter sido evitada. Passar uma mensagem, dar apoio a uma causa, lutar por um objetivo é valido; expor para a população a dramatização de uma cena cruel como aquela, é totalmente dispensável. As pessoas violentas gostam de ver violência, elas sentem prazer com isso. E ver no horário nobre que certas atitudes já estão até dentro das novelas pode vir a incentivar tal comportamento. Ver o clipe de uma música dá vontade de cantá-la e dançá-la. Ver cinco homens espancando um gay, para quem gosta desse tipo de coisa absurda, só alimenta a necessidade de cometer barbaridades. Ver isso na maior emissora do Brasil acostumará a todos com violência. Será essa a maneira certa de a mídia ajudar na luta contra a homofobia? Por que um beijo gay ainda não pode acontecer no horário nobre, mas um assassinato por espancamento sim? O que choca mais, um jovem sendo agredido ou duas pessoas se beijando? Talvez a melhor pergunta seja: o que traria mais audiência? O que prejudicaria menos a emissora?
As pessoas estão acostumadas com violência, é algo do cotidiano. Todas sentiriam pena do adolescente morto, pensariam que é uma coisa horrível e, no dia seguinte, continuariam assistindo à novela e torcendo pelo casal principal. Mas se dois gays aparecerem se beijando, quantos pais de família permitiriam que a TV fosse ligada no mesmo canal outra vez? Quem permitiria que seus filhos jovens vissem tal cena de novo? Qual o pior exemplo? Na dúvida, decida-se pela violência e ignorância, elas já estão presentes na vida de todos mesmo...
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Sonho de Valsa
Eles jantaram, conversaram, riram e então deixaram o restaurante. Fazia frio, eles caminhavam bem próximos. “Que vontade de comer doce!”, ele disse. Havia um grande mercado logo ali, cheio de luzes, pessoas, histórias e corre-corre. Entraram. Entre as prateleiras de produtos, ela se viu perdida com os próprios pensamentos. Estava feliz. Ele escolheu uma lata de brigadeiro, conferiu o preço e então foram para o caixa. Não tinha fila; ela não gostou disso. Poderia ficar a eternidade numa fila boba de mercado com ele. Só queria rir mais. Parados no caixa, ele pegou um bombom Sonho de Valsa do pote e comprou junto com o brigadeiro que comeria mais tarde. Ela, bobinha, pensou numa daquelas propagandas de Dia dos Namorados onde algum príncipe encantado contemporâneo decide, no meio de um ato comum como ir ao mercado, dar um bombonzinho para a princesa. Ela sorriu consigo mesma; que bobeira. Saíram para a noite. Junto com o vento frio veio a surpresa: o bombom era mesmo pra ela. “Eu sei que você gosta de chocolate”, ele disse. Ela pegou, sorriu, ficou sem graça e depois sorriu de novo. Desembrulhou com aquele som gostoso que só as embalagens de chocolate sabem fazer, então mordeu. Felicidade é bom, né?
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