Um dia, perguntei para um psiquiatra: sou bipolar? Ele me disse: de bipolar você não tem nada. Você é sincera e tem sentimentos intensos. E me explicou a origem da palavra sincera: "sem cera". Antigamente, carpinteiros e escultores usavam cera para disfarçar os defeitinhos de esculturas e móveis de madeira. Então, eles lixavam, passavam verniz e tudo ficava aparentemente perfeito e em ordem. O aspecto das peças era magnífico. Com o passar do tempo, do frio, calor e uso, a cera ia se desmanchando e os defeitos iam ganhando vida. Sinceridade é "sem cera", ou seja, sem máscaras, sem retoques, sem querer ser o que não é. Achei bonita a explicação dele. E triste. Dói ser "sem cera".
A vida maltrata quem sente demais. Quem sente demais acaba sofrendo mais que a maioria das pessoas. Tudo importa, tudo é exagerado, tudo é sentido de corpo e alma. Alma, principalmente. Pessoas "sem cera" têm a alma do tamanho de um bonde. Não acho que eu seja a pessoa mais sincera do planeta. Eu minto de vez em quando. Tenho defeitões. Mas eu sempre agi de acordo com meu coração, meu instinto, meu amor pelas coisas. A gente precisa ter amor pelas coisas. E raiva também, pois nem só de amor e sinceridade se vive.
A vida maltrata quem sente demais. Quem sente demais acaba sofrendo mais que a maioria das pessoas. Tudo importa, tudo é exagerado, tudo é sentido de corpo e alma. Alma, principalmente. Pessoas "sem cera" têm a alma do tamanho de um bonde. Não acho que eu seja a pessoa mais sincera do planeta. Eu minto de vez em quando. Tenho defeitões. Mas eu sempre agi de acordo com meu coração, meu instinto, meu amor pelas coisas. A gente precisa ter amor pelas coisas. E raiva também, pois nem só de amor e sinceridade se vive.
(por Natasha Araújo)